terça-feira, 13 de maio de 2008

Peça desfeita

Bruna branca desceu as escadas do prédio,
cigarro entre os dedos, roupas pretas,
sorriso sorrindo com cirrose, quase escapando



Sempre quis dizer a ela que ela valia uma bela fotografia. Não é bem isso. Talvez ela não compreenda, porque não sei dizer...



entendo tácitamente que ...


Entro no apartamento. Lívia corre elétrica com uma fita no cabelo. Tão bonita está. Cheia. Feliz, finalmente.

Do banheiro, surge Helen, com sua beleza helenica, grega. Dona de uma bela idade. Somos apresentados. Helen tão pura, tão limpa... saudável... Zonzeira... ninguém resiste a uma beleza dessas...


Alana no sofá. Esparramada. Falamos de livros. Livremente espetamo-nos no nada.


A cachaça estendida por mãos amigas me confere ares de super poderes. No entanto, não me engano. Sou só um pedaço, sou só. Fugindo das minhas lembranças, das impossibilidades... da minha vida, de mim mesmo. Apaixonado até os ossos, à queima-roupa.


Percorremos ruas dos viados, das putas, dos vagabundos, dos viciados.

Entramos lá.


E lá, o tropeço de um cocainado nos faz rir. Rimos dele? Rimos de nós mesmos?


E Bruna me fala:


- Eu tô fudida, tô apaixonada ...


E eu respondo:


- Eu também tô, eu também...


Vontade de abraçar Bruna. Bruna.Vontade de pedir um beijo. Tô tão sozinho, Bruna, aqui... e ele nem pensando em mim, eu acho...

- Quero fumar maconha, Liv, vamos?


E não fumamos. Era proibido.

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