terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Declaração de Amor

- Te amo, tá bom ?
- Tá!


[Júlia]

sábado, 12 de dezembro de 2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Mais uma Regra Evidente (Com exceções)

Toda pessoa adorável é insuportável, mas, claro, nem toda pessoa insuportável é adorável.

Da Garganta


- Se sou feliz? Felicidade é coisa de gente burra. (Maysa)




então você se depara com o breu inelutável, imperturbável, imune ao riscar de fósforos, ao acender de cigarros.............................. e deseja: uma luz, um som, qualquer paralisia, estrondo, escândalo, espasmo;


antes que tudo se misture àquilo inominado, sem forma-e-sem fome.


Ah, mas eu supunha outra coisa. Pesa o peso. Os olhos ardem. Mas não há vazar de lágrimas. Choro calado. Não choro porque, para que, para quem... Eu me desvendo para mim, além, assim, aos poucos, parcamente. Mas pros outros sou vedado ou velado. E isto, que falo, é, paradoxalmente, incomunicável. E, no entanto, talvez, tão obviamente compreensível.


se houvesse o desnudamento da linguagem...


- Tomo toda a minha revolta. Porque ela. Ela. Ela não faz parte do aceitável. Não é de bom tom se expressar assim. Para a sala, ala nobre da casa, mantenha as gengivas expostas. Lágrimas, se irrefreáveis, só no quarto. Na linha de combate, sufoca-se o embate.


Se ao menos eu pudesse vomitar. Vomitar traumas, medos, mágoas, A angústia...



Se ao menos eu pudesse viver longe de mim.


Eu me deixaria em paz.


E a minha biografia não seria banida das casas-de -família. Meu amor não seria clandestino.



Sinto-me egoísta. Detestavelmente egoísta.


e é insuportável estar em mim.
- Sou um esqueleto desfacelado que se dói invisível.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Nervo

Louco pra te dar
uma melodia molhada:
o canto da boca.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Pedaço

Natureza tímida, mas transgressora.

Vai,

Despedaça minha alma.

Meu corpo estilhaçado, ao ver-te,

recompõe os pedaços.

Tu me deste pé d'aços de amor.


G. N.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009


O silêncio também é máscara.






Mas existe uma ( [in]certa) comunicação entre máscaras. As mentiras sinceras que interessavam ao Cazuza. E que também me interessam.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Progresso em Desordem

à beira do abismo

prosseguir

é uma bobagem.

domingo, 25 de outubro de 2009

sou eu. o maldito.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Elogio da Loucura - Ficções do Invisível

Ela disse:

- Manda internar esse daqui...


E depois :

- O que te salva é teu bom humor.



Por vezes meu humor é excessivamente polarizado. Um grande desgaste ser eu mesmo. Mesmo assim, consigo provocar risos, gargalhadas, sorrisos, ... Para encobrir a ANGÚSTIA ? Para cobrir essa incerteza e indeterminação de existir, com esse luxo democrático que é o sorriso, capaz de metamorfosear monstros em misses...


O plural de Miss é Misses ?!

Do desregramento

A mais poética de todas as noites .

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

ATO I.


Sobe o pano.


- Seria prático se eu te dissesse banalidades ...

haveria intervalo para a dúvida

na horta produtiva das certezas?



tóxicas C E R T E Z A S


CIENTÍFICAS


ACLAMADAS.




ATO II.

lacunas brancas corroem as bordas negras


ATO III.

Neon.


Rímel escorrendo.


Espelho Estilhaçado.


Vestido vermelho esfarrapado em um manequim mutilado.


Reflexo Turvo.



Peruca ao chão.


ATO IV.


Viver de mentiras,

Viver de verdade ?




ATO V


Desembrulha as palavras sem o espanto de encontrar o oco.



Desembrulha tuas fibras e te enxerga: sem usuras e censuras



Desembrulha-te.




Mergulha nos marulhos sem medo da branca espuma.


Te bebe.


Escreve esse outro, transparente ... Este outro além das palavras cimentadas de sentidos. Esse que não foi dito, mas existe. Impalpável Existência.


também tem o nojo.Encoberto por amenidades.


Tudo bem? Tudo bens?


Os imbecis seduzidos pelo poder do dinheiro. Pelo vazio.


Tudo-bem-como-vai-boa-noite.


hahahahaha.


é de uma graça que chega a dar pena.


hahahahaahahahahaha.


As cabeças coroadas e os intestinos cheios de merda.


ATO VI.

O sofrimento do outro. Mentes: complacência, piedade. Todo um palavreado. Para quê? Tapar sadismos, tranquilidades, a catarse .


Vã o catar-se.

Ideia de Paz

Tiros na testa.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Sete Vidas

Mas gatos caem de pé.

tal qual vez

talvez eu só saiba amar como os gatos: urrando, mordendo, unhando.
talvez eu mereça só um telhado e um céu estrelado
talvez eu caia.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Maldito




No curso da vertigem, sangrei

na missa negra, orei.


o diabo me cuspiu, deu pão, esculpiu.


névoas tomaram minhas palomas desavisadas.


minha gargalhada sangrada cortou as copas das árvores, na floresta densa.


sou os vermes.

o vento.


corro seiva-bruta.


me sugam...


atinjo a mais alta nervura.

Tormento

E eu que muitas vezes não consigo me enxergar. Apenas rasgos, pobres de iluminação. Eu que temo, odeio, sou mesquinho... Eu que sou, por vezes, muitas e multiplicadas vezes, o próprio paroxismo da covardia... neste momento exato que se esfarinha com o correr dos meus dedos... sinto que sou tão simples, assim, complexo, indelimitado, indefinido. À imagem e semelhança de todas as coisas...




Olhei uma foto tua, de corpo inteiro. E eu me tornei a foto. Não. Me descobri sedento e faminto.


De ti.



Uma fome e sede tão primitivas.



Só você me abasteceria agora.


Sou porra-louca, contraditório, bobo... e sério demais na minha ausência de seriedade. Sou tímido e calado... e não sei dizer de mim.


[...].


Meu corpo todo te sente e sente tua falta: minha certeza incerta. Toda dinamite eclode no meu peito, largo palco de angústia...


Estou desaprendendo a fala, as palavras, para ser mais ... menos... para ser.


Toma das minhas mãos desajeitadas de dedos longos e tortos, o meu não-texto. O meu silêncio. Meu tesão.

Toma da minha boca, meu beijo... meu gesto de bicho.

Toma da minha mente, minha doçura não-inventada.

estou atormentado.

domingo, 11 de outubro de 2009

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A Bela Flor Espanca




Frieza






Os teu olhos são frios como as espadas,
E claros como os trágicos punhais;
Têm brilhos cortantes de metais
E fulgores de lâminas geladas.


Vejo neles imagens retratadas
De abandonos cruéis e desleais,
Fantásticos desejos irreais,
E todo o oiro e o sol das madrugadas!


Mas não te invejo, Amor, essa indiferença,
Que viver neste mundo sem amar.
É pior que ser cego de nascença!


Tu invejas a dor que vive em mim!
E quanta vez dirás a soluçar:
"Ah! Quem me dera, Irmã, amar assim!..."

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

antipoético ensaio



Tua voz melodiosa

dança nos meus ouvidos


e obscuro ...

...em silêncio ...


...vou dizendo ...

(com gestos e ações [co]medidas)

...com os olhos semi-abertos ...


é leve, não passa pela garganta; não é poluível por palavras. É bonito, tem bordas e pontas. E atravessa, extravaza, ecoa. Assusta, sem afugentar.















- mas, gosto de ti.
Mais: gosto de ti.

citação - Outra Criança Linda


da crônica de Miguel Falabella :



" É por isso que gosto dos relatos biográficos. Eles são como a nova lâmina, que aplicada ao fundo confere profudidade ao desenho. Despeço-me esperançoso de que Norma Jean, num paraíso tão mítico quanto a sua existência, tenha ido procurar Charles Dickens, pois ele, como só pode acontecer com homens de letras saberia amar aquela linda criança sem pai."

Quatro Mãos ou Gênese Corporal

Perambulamos
sob a cintilância artificial dos postes
castigando a vigilância inquisitorial dos fortes
mãos entrelaçadas
lançadas em um soco cálido
tocar malicioso de carícias
enfrentamos chuvas, proibições,previsões
e
do vício do corpo,
tivemos o transparente vislumbre...
atenções, tesão, tentação:
e do pecado, se fez prazer.

Corporais - Criação Pictórica


II.






Respiração suspensa

o antidilúvio

o quasedelírio




desejo engrossando desejo

desejo endossado


sexo inchado


pronto a te apunhalar



o colapso dos corpos

expandindo os lapsos de tempo



abraço partido em

braços

mãos

dedos



peitos pulsando

recôndito encontro

mal dito.



e uma despedida despedida.


Que, subvertida,
não se fará farta nem forte.

te pico nas veias,


te cheiro,


te bebo.




Mais que inspiração


ou transpiração:


respiração.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Corporais


I.


Incorporo você

poros

pelos

porra

pela pele da flor

pela orla da dor

encravada no prazer






Somos galáxias girando no vácuo

expremendo lirismos &lágrimas

decompondo as regras na medula




resplandescendo no crepúsculo



o entre-tom borrado, indefinido


banido das classificações cartesianas





cravamos cartas-punhais mutuamente


nos olhos

na boca



e no destilar da hemorragia


agimos entre vagidos


fugidios e fulgurantes


de um cio. de amantes.

A tradução de um gemido

Do hálito à axila...

estremeço e temo...

transgrido.
parece tranquilizante como chá de camomila.

mas é revigorante como café preto.

Fervente,

a ponto de queimar.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A Vida Íntima de Laura

Me fez voltar

a escrever

a pensar

a sentir


me fez um doce mar


de vinho suave & seco.

[Com a companhia da garçonete inexperiente].


Me refugiei no teu quarto, na tua quarta dimensão. Entranhado no teu cheiro, pele e pêlos.


Meu crime bom,

terça-feira, 29 de setembro de 2009

teu rosto tem um ângulo que só eu conheço.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

"Nos demais - eu sei, qualquer um o sabe!
O coração tem domicílio no peito.
Comigo a anatomia ficou louca.
Sou todo coração - em todas as partes palpita."

Circe


quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Hein ?

-Teu sorriso é triste ...

- Isso é triste?

- Isso é lindo.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás.

então eu patrulho tuas panturrilhas

nosso movimento é contra as paredes,

em combustão ideológica:

erguemos nossas bandeiras.

outra história ?

- Cansei de me importar com o que os outros pensam, como disse o meu amigo Andrei.

- Mas o ruim é que a gente sempre se importa- ainda que minimamente. Mas isso é outra história.

do primeiro chute & choque,
você APRENDE com irremediável amadorismo
que letras e boleros
bulas e fábulas
nunca serão o bastante
Falas alheias - o contorno prometido - se transformam na muralha esburacada
por onde ratos se movem, como cachoeira
Ver, ouvir, sentir,
talvez gritar
e escutar o próprio grito, que não é gemido;
ter vivido tanto e mesmo assim não ter aprendido
que viver não é uma questão de conceitos,
campos de concentração das sensações
viver é um eterno rascunho ...
que não quer ser plágio.

Abrindo as portas da percepção


"As pessoas precisam de Fios


Escritores, heróis, estrelas,


dirigentes


Para dar sentido à vida


O barco de areia de uma criança virado


para o sol.


Soldados de plástico na guerra suja


em miniatura. Fortalezas.


Navios de Guerra de Garagem.


Rituais, teatro, danças


Para reafirmar necessidades Tribais & memórias


um chamamento para o culto, unindo


acima de tudo, um estado anterior,


um desejo da família & a


magia certa da infância."





"No primeiro brilho do Éden nós corremos para o mar, ficando por lá, na praia da liberdade


Esperando pelo sol.


Você não percebe que agora que a primavera chegou,


é hora de viver ao sol difuso?


Esperando pelo sol


sperando que você venha até aqui


Esperando que você me diga o que deu errado


Essa é a vida mais estranha que eu já conheci"



Jim Morrison

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

CABIDE - Ana C.

Se eu fingir e sair
Por aí na noitada
Me acabando de rir
Se eu disser que não digo
E não ligo e que fico
Só vou aprontar...

É que eu sambo direitinho
Assim bem miudinho
Cê não sabe acompanhar
Vou arrancar sua saia
E por no meu cabide
Só prá pendurar
Quero ver
Se você tem atitude
Se vai encarar...

Se eu sumir dos lugares
Dos bares, esquinas
E ninguém me encontrar
E se me virem sambando
Até de madrugada
E você for até lá...
É que eu sambo direitinho
Assim bem miudinho
Cê não sabe acompanhar
Vou arrancar tua blusa
E por no meu cabide
Só prá pendurar
Quero ver
Se você tem atitude
Se vai encarar...


Chega de fazer fumaça
De contar vantagem
Quero ver chegar junto
Prá me juntar, eh!
Me fazer sentir mais viva
Me apertar o corpo e a alma
Me fazendo suar
Quero beijos sem tréguas
Quero sete mi'léguas
Sem descansar
Quero ver
Se você tem atitude
Se vai encarar...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

é só mais um título

O que são os calendários?
O que são as lendas e os diários?
O dia é estrangulado pela noite de gula, gás e gozo.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Ser

- To be or not to be: this is the question...


To be and not to be: this is the question!


Por que não escrever mais em Fragmentiras? Porque o espaço está esgotado. O formato está deformado.

Porque escrever Mais em Fragmentiras? Porque eu quero. E me desobedeço. Desço até o terreno movediço da libertação. Em eterno confronto. Comigo mesmo.

entre mortos e feridos

A fome é uma ofensa?

Entre mortos & feridos,

a fome é uma ofensa.
sou uma porcárie no dente do mundo, latejando doída, à espera da obturação.

Que não seja obtusa.

A Pele e o Photoshop ou Último Verso da Última Estrofe

E se Deus for ilusão de ética ?

Leis do transe

Proibido estacionar.

terça-feira, 28 de julho de 2009

E então emborcamos no cinismo, com a fome de lama dos porcos; que crescidos na lama, desconhecem sua imundície...



-com tal impeto desmedido.



Bordoadas na boca do estômago


e


sorrisos em frente aos flashes...





enquanto nada muda os fatos,

quinta-feira, 25 de junho de 2009

The End (In Concert)





Come on, turn the lights out, man


Turn it way down

Hey Mister

LightmanYou gotta turn those lights way down, man!


Hey, I'm not kidding, you gotta turn the the lights out


Come on!What do we care...?


This is the end



Beautiful friend



This is the end



My only friend, the end



Of our elaborate plans, the end



Of everything that stands, the end



No safety or surprise, the endI'll never look into your eyes again





Can you picture what will be



So limitless and free


Desperately in need of some stranger's hand
In a desparate land


Come on, baby!



And we were in this house and there was a sound like silverware being dropped on linoleum, and then somebody ran into the room and they said:


"Have you seen the accident outside?"


And everybody said:


"Hey man, have you see the accident outside?"



Have you seen the accident outside



Seven people took a ride



Six bachelors and their bride



Seven people took a ride



Seven people died



Don't let me die in an automobile


I wanna lie in an open field


Want the snakes to suck my skin



Want the worms to be my friends



Want the birds to eat my eyes


As here I lieThe clouds fly by


Ode to a grasshopper...
I think
I'll open a little shop,



A little place where they sell things


And I think I'll call it "Grasshopper"...


I have a big green grasshopper out there


Have you seen my grasshopper, mama?



Looking real good...
Oh, I blew it, it's a moth



That's alright, he ain't got long to go, so we'll forgive him



EnsenadaThe dog crucifixThe dead seal



Ghosts of the dead car sun
Stop the car
I'm getting out,
I can't take it
Hey, look out, there's somebody coming
And there's nothing you can do about it...
The killer awoke before dawn
He put his boots on
He took a face from the ancient gallery
And he...he walked on down the hallway, baby
Came to a door
He looked inside
Father?
Yes, son?
I wanna kill youMother...
I want to...Fuck you, mama, all night long
Beware, mama
Gonna love you, baby, all night
Come on, baby, take a chance with us
Come on, baby, take a chance with us
Come on, baby, take a chance with us
Meet me at the back of the blue bus
Meet me at the back of the blue bus,
Blue rock,Blue bus,Blue rock
Blue busKill! Kill!
This is the end
Beautiful friend
This is the end
Mmy only friend, the end
Hurts to set you free
But you'll never follow me
The end of laughter and soft lies
The end of nights we tried to die
This is the end

quarta-feira, 25 de março de 2009

Fragmentiras chega ao Fim





Fragmentiras que sempre habitou o fundo,
agora emerge raso.

Precisamos de trans-re-novações, Djalma.


Nós que não somos adeptos de lirismos levianos e comportamentos hipócritas, estamos "em paz com a nossa guerra", como escreveu Camões.



Agradecemos aos leitores que se aventuraram pelos nossos escritos e deles obtiveram mais do que uma visão ilusória sobre letras mortas fixas na tela.


Sem revoltas, sem excessos de linguagem, escrevo, às pressas, essa despedida.



Sem dor alguma. Com as malas prontas...
Com destino certo?! Respondo imitando a deusa Vera Fischer: claro que nãããoooo !
Ps. O Ramon continua lindo !
E," tem certas coisas que as pessoas não deviam fazer com as outras" :

sábado, 10 de janeiro de 2009

Não te vejo egoísta, mas se assim julgasse, não te censuraria.

Só as pessoas extraordinárias - como é o teu caso- têm o direito (o direito, nunca o dever) de serem egocêntricas!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Conto (erótico - ?- )

Olhou-se no espelho e , enfim, confessou a si mesmo: é isso que eu quero, a luta, o conflito, a guerra. Sou belicoso, não quero a paz, nem flores. Quero me sentir vivo, ser sentido.



*** 2005

De uma ciranda. De pedra.

Ouça, querida- disse-lhe Otávia certa vez - não fique assim com essa mentalidade de donzela folhetinesca, não separe com tanta precisão os heróis dos vilões, cada qual de um lado, tudo muito bonitinho como nas experiências de química. Não há gente completamente boa nem gente completamente má, está tudo misturado e a separação é impossível. O mal está no próprio gênero humano. Às vezes a gente melhora. Mas passa.


TELLES, Lygia Fagundes.

Forte





[Camisa- de-] Força.

Bravo

Nos palcos e nas palmas: as máscaras intactas!

De argila

O vidro da garrafa liquidado:


Mira a escultura de argila. Tenta por
cigarros na sua boca, mas ela não abre. E eu sou tão
autodegradável, meu amor.
Não existe saliva, nem saúde ali.


Aos poucos, eu feito flecha disparada,
corro...
: entupido de vômito.


Ouça em paz as risadas silenciadas da platéia
patética- alcatéia prática.

E suspire fundo, sua dor: ao bastidor.
nossas fomes simultaneas travestidas


enquanto as páginas de um jornal-barato-ultrapassado te
cobri.riam de notícias nulas

te enfraquecendo
com um aquecimento ilícito e
provisório

como um mendigo nobre
deleta deletério
teu letal vocabulário
belo e bobo

aos ouvidos surdos
e mudos de medo (de verdade) .
a alquimia verbal dos meus lábios que beijam
em desespero


tranque as portas.
Furacão e tempestade.
Peste.Verdade.
: veneno inoportuno
só reveste
medo


piso em pontas de lápis
perdi o dom de desenhar

a brancura do papel,
do pó vieste, ao pó retornarás.

ranhuras riscadas

divisas vasadas
cortinas de pálpebras: palavras
escondendo e diáfanas, transpassada por
transpassadas

línguas estrangeiras

a tranquila contemplação de navios cortando
as águas.

que não se cortam.

Assim falou Amanda

o que eu deveria ter admitido a mim mesmo:


Minha obsessão metafísica: eu não interesso a ninguém.

sou colérico, alado/
inquilino indigesto
desequilibrado
das tuas órbitas mórbitas
cegas

os cegos de ego não sabem amar
.
Tua costela: minha tela, pintada com minha porra. quente.
Na rapa do fundo, é isso que queremos. Ser iludidos. Se calhar... bem fudidos. Fudidos bem.

Não é criação; é uma mal criação.


é proibido fumar... é proibido trepar... é proibido tocar...

é proibido amar... sacanagenzinha, de vez em quando, pode... assim: no escuro. Sorrateiramente.






é ... hum... excitante... agora, entrega de alma, não... não faz parte do instigante do jogo... é retro, não?

um verdadeiro retrocesso. Um abcesso.




É como uma droga. O branco da cocaína: a metáfora im.perfeita. Dá prazer, dá barato, mas dá uma bad insuportável. É humilhante. Rehab.
Somos um bando de bichos, brincando de ser humanos.


[ Marcelo Lohengrin ]

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Beliscar de Paredes ou Bílis Parda


Demais: Todos acham que eu falo demais/ E que ando bebendo demais ...



... ela me perguntou:

- Não vai mais escrever, guri ?

E eu respondi: "Quero voltar a escrever, sim, sem pensar em ser lido, ou julgado".




Ser inventado, me incomoda, embora.





Quero voltar a escrever. Estou no centro de mim mesmo, sentado, pensando. Tenho ficado dias e dias só pensando, pensando, pensando ... Não quero que as palavras me traiam, ou distraiam... quero escrever uma vez mais sem medo das palavras. Mas sem qualquer arrogante coragem. Sem furtar. Ou furar contentamentos. Arsenal de polpudas palavras a semear verdades.

Que não inventariem! Que não inventem! Que ventem!

- Parei de escrever para me esconder, me calar. Me censurar. Agradar. Mas não sei camuflar. Sei flamar. Sou um crime em potencial.

Ainda não decidi tomar decisões. Cisões cirúrgicas me fariam sorrir, ou morrer... Não sou dramático, Uilian. Ou sou ? Acho que apenas sou.

Querido canalha, te odeio com amor. Iramor. Queria meus olhos de vidro? De minha parte, tenho só meus olhos orgânicos, oblíquos. Quase vesgos. Vivos. Quando eu era pequeno, vi os olhos de um cachorro vidrados, baços. Prestes a morrer. E o peguei nos braços. É porque a vida dele se esvaiu diante de mim.

Não terei mais dique moral contentor. Sou um manso maremoto. Um imenso repertório. Um irrisório.





As palavras podem ter um peso leve e específico. Sem o fulgor do fantástico. Por que a realidade é fantástica. É inverossímel. Só a ficção é crível.

Passeio pelo cemitério ruidoso do meu passado lanhoso. Falam de amor e dor como algo vergonhoso. Vergonhoso não é não ser amado, é não amar.
Não.
Não é vergonhoso não amar.
Nada é vergonhoso.



A noite parece me coroar. Com sua eternidade de feitiço. Com seu feitio moço.Viço viciante.


Não estou oco, mas não sei me explicar. Não quero o explícito. Mas não produzirei brumas. Quero apenas apreciar com prazer a beleza fútil, tão útil, atual, pontual.

Atingindo-me certeira. Como um tiro.

À queima-roupa? Sim, à queima-roupa.

Decepei minhas decepções e desejos indesejáveis. De viés me vejo. Beijo.

Preciso de últimas gotas de desmedida.

Meus amigos me acompanham. E, como os amo. Sou inevitávelmente solitário, como todos que existem. Que sabem que estão vivos. E que não são animais. No entanto, o tempo compartilhado com eles se enrijece em erupção de acalento. Ando com amor dentro de mim, e também por fora. Infestado de amor, como um orgasmo contínuo em caminho contrário, me embasbacando.

Amo viver, mas uma morte clara, refulgente, tosca, me faria feliz.


Caso eu amanheça morto; saibam, não se esqueçam. Disso: