sábado, 31 de maio de 2008

elogio IV

tua voz é linda!

terça-feira, 27 de maio de 2008

(Re) visão, variações

Rezei a reza dos antepassados

de tanto eternizar(Saudosistas)

Chegando perto

aos céus.

Pelas Informações diversas

Acumuladas pelo tempo

Estagnando a mente(chocada)(perplexa)

Nunca esqueço, me fecho

Nas memórias absorvidas que

Carregam / o peso do mundo/ costas calejadas/são...

...como lambretas...(antigas)

.vagarosas.

Sem notar a EvoluçãO(de rápida locomoção)

Que É SER sem significado ou direção.

Emudeço nas profundezas de meu íntimo.


Rumo ao inesperado.(Qualquer caminho.)

Temerosos ao novo.

Pois quem lembra demais

Perde demais.cega.

E eu.

Me cansei de tanto rezar!


...com os joelhos ensangüentados...


Na madeira envelhecida entregue aos cupins


Quanto duraria sem dar de joelhos ao chão?



(Djalma Nobato )


Rezei a reza dos antepassados


Saudosistas de tanta eternidade


Chegando perto aos céus


Pelas Informações diversas


Acumuladas pelo tempo


Estagnando a mente(chocada)(perplexa)


Nunca esquecem se fecham


Pelas memórias absorvidas que


Carregam / o peso do mundo/ costas calejadas/são...


...como lambretas...(antigas)


Sem notar tal.Evolução.


que sem significado ou direção.


Emudece.


Rumo ao inesperado.(Qualquer caminho.)


Temerosos ao novo.


Pois quem lembra demais


Perde demais.cega.


E eu.


Me cansei de tanto rezar!


...com os joelhos ensangüentados...


Na madeira envelhecida com cupim


Quanto duraria sem dar de joelhos ao chão?

(DJalma Nobato)

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Estraçalhe

Com a força das tuas facadas

PalavrasFincadas/Ilhadas

Pois numa ilha habita


Teu servo/que te fez servir


E

Nem notaste

Cegaste

e

de cegar-confundiu as passagens

Dos próprios sentidos-inertes,inóspitos.




Nem resplandecente nem formosa.

Buscava a formae não alcançavapois nossos desejos nem sempre são.



Mas ame com a clareza de seu coraçãocego, tateando


(Djalma Nobato)
Nãochorenãochore


Vocêsabequemeupeitodói

Poucoquemeimportaestesangue

Aescorrerdemim

Matandomatandodiversasvezes

Morroportipormimportudo

Consumiramimmesmacomoaultimasintonia

comoOultimoamorOultimorancor

SempreOultimo.extase


Oextasemeuamoroextase






(DjalmaNobato)

Tremo/Indiscreta

Porque
Na floresta a noite
O
Interno murmúrio
Vem te amolar
com seus
sombrios lamentos de árvores
..choram
Seculares
histórias
Vistas, sentidas
No peso.
Estaca!
Machado!
Pede!



(Djalma Nobato)
"Meu amigo, temo te dizer que minha alma já não é mais tão jovem, nos desencontramos nas raízes de nossas psíquiques, pelas alteradas formas que vivemos e mudanças ocasionadas pelo tempo.Te peço para que entenda meu grito e meu choro.O quanto vivemos a nos segurar, como amigos, sem birras ou amarras, eu entendo nosso tempo que ficou pra trás e aquele velho arsenal de histórias coloridas que com todo nosso carinho montamos. Nossa cumplicidade forte e compreendimento, a mente que move junto de teus abraços e nossas noites trocadas com lamentos e alegrias.
Contaremos a nossos filhos imaginários nossas aventuras pra esconder o quanto solitários somos, beberíamos vinho lembrando do seu desgosto pelo "Sangue de Cristo", a cerveja ao lado.Como sempre

imprevisíveis.

Indizíveis


pensamentos dos sentimentos."



( por Djalma Nobato)
.

amputação

Vão-se os dedos


Ficam os anéis.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

http://www.youtube.com/watch?v=wCQ34sT1zvs&feature=related




s u i c i d i o c o t i d i a n o / e s t ú p i d o

a t e u s p é s a t e u s

a t a d o s


m e p e r d o e

m e u a m o r

t a n t o

t a n to q u e n ã o s e e n x e r g a

é m e s m o m e l h o r

o a r s ê n i c o

o s n a r c ó t i c o s


e o q u e e u q u e r i a




e r a b e m t e a c a r i c i a r

t e p o r e m m e u c o l o



- é melhor mesmo que suicidemos tudo.





m e u a m o r


m e u m a i o r a m o r



s e r á q u e a s palavras que tanto nos extasiam

será que elas são insuficientes ?


m e p e r d o e , a m o r

p o r t e r T A N T O t e a m a d o



p e l a m i n h a t o l i c e




para o futuro:

( quando eu for uma lembrança, talvez tudo se explique. Talvez. )

No entanto

Para Uilian Campos
em uma balada bêbada
cantarei para tua beleza
veloz-voraz
me destroçando
em pedaços maiores
-maiores que encantos-
estratificações da realidade,
me realizando.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Flerte

depende,



lugares- pouco -atrativos





podem guardar habitantes atraentes
diferenças ferinas

tua febre de perro

ardendo em mim.




na madrugada fria,


com Lívia ao longe

lírica,

amiga,

AMOR.

Peça desfeita

Bruna branca desceu as escadas do prédio,
cigarro entre os dedos, roupas pretas,
sorriso sorrindo com cirrose, quase escapando



Sempre quis dizer a ela que ela valia uma bela fotografia. Não é bem isso. Talvez ela não compreenda, porque não sei dizer...



entendo tácitamente que ...


Entro no apartamento. Lívia corre elétrica com uma fita no cabelo. Tão bonita está. Cheia. Feliz, finalmente.

Do banheiro, surge Helen, com sua beleza helenica, grega. Dona de uma bela idade. Somos apresentados. Helen tão pura, tão limpa... saudável... Zonzeira... ninguém resiste a uma beleza dessas...


Alana no sofá. Esparramada. Falamos de livros. Livremente espetamo-nos no nada.


A cachaça estendida por mãos amigas me confere ares de super poderes. No entanto, não me engano. Sou só um pedaço, sou só. Fugindo das minhas lembranças, das impossibilidades... da minha vida, de mim mesmo. Apaixonado até os ossos, à queima-roupa.


Percorremos ruas dos viados, das putas, dos vagabundos, dos viciados.

Entramos lá.


E lá, o tropeço de um cocainado nos faz rir. Rimos dele? Rimos de nós mesmos?


E Bruna me fala:


- Eu tô fudida, tô apaixonada ...


E eu respondo:


- Eu também tô, eu também...


Vontade de abraçar Bruna. Bruna.Vontade de pedir um beijo. Tô tão sozinho, Bruna, aqui... e ele nem pensando em mim, eu acho...

- Quero fumar maconha, Liv, vamos?


E não fumamos. Era proibido.

de um Beco distante

teus seios

e saias


teus meios
e medos


absintamos


nossas mãos misturadas


ursos no teto

mojito na garganta

cigarro ao lado


ciladas em nós.

Já diria Lacan

toda imagem é construída


...


na imaginação...
todo sentir é solitário

Erótico 4

Enquanto me beijava:

, eu tenho namorado.

, eu tenho namorado!



eu...

eu tenho ...

opiniões sobre mim

amores utópicos (by Felipe)



Tu é engraçado.



Esquisito.




Figura.


Quieto.


Misterioso.


Triste.



uma interrogação.



sem jeito.





penderro.








vagabundo.




sarcástico.



irônico.




malicioso.








calmo ( o mais equivocado pensamento sobre mim)

A Gana

Tenho uma gana, gana, gana.

Onde colocar

A gana?
Engana
que
.de tanto querer.
emudece

que gana é essa?
de tanto, arrasou
quebrou.

intacto ficou
estou
e a gana.
a gana que movimenta.
pra onde vou?
inquieta dessa maneira
que gana!
onde engana?
se de tanta gana
aqui não estou



por Djalma Nobato

A cabeça decepada

Teve a cabeça decepada


a cabeça decepada
decerto não serve pra nada

A cabeça decepada
tem olhos
mas não vê

A cabeça decepada
tem ouvidos
mas não ouve


A cabeça decepada
tem nariz
mas não cheira

A cabeça decepada
tem boca
mas não bebe
nem degusta



a cabeça decepada
não se entristece
não se alegra
não se enfeita
não se vangloria


A cabeça decepada
separada do resto do corpo

a cabeça decepada
esquecida está

a cabeça decepada
nunca mais estupefata
nunca mais



A cabeça decepada
sem serventia alguma
outrora doentia
agora
inválida



a cabeça decepada
está à espera do sentido
que não veio


A cabeça decepada é mais inútil que um pano de chão
A cabeça decepada é repugnante em seu estado de putrefação

A cabeça decepada vive em solidão

A cabeça decepada não é mais nada

A cabeça decepada é

apenas

uma cabeça decepada.

Heroína


"Minha amiga, queria te dizer sobre tudo que minha alma cala e insiste em não dizer, peço tuas mãos para que perto de mim voem e fechar meus olhos para que me leve.

Me diga que eu não posso mais sentir tanto, porque um abismo em mim se abriu e de decepção pouco posso falar, teu não olhar pra mim e adeus me jogaram lá.
Não sinta culpa e nem sei se sentiria mesmo pois quando abaixaste os olhos continuaste a andar e eu me perdi lá por anos e anos em busca de uma coisa que me levantasse da rejeição, onde pude perceber que nunca sairia de lá e por lá passaram anos lentos, novas miragens e fragmentos que guardei, com toda a minha alma guardei, apenas viagens de imagens simples convertendo-se e mudando, girando e animando.

E nunca mais o estrondo daquele primeiro dia."



por : Djalma Nobato

Anjo

- Cara, este escrito-escroto foi concebido há algum tempo, não sei precisar bem... Não gosto dele- é longo demais, excessivo no péssimo sentido do termo- , mas serve como chiste pelo uso abusivo de lugares-comuns. PEDANTE E FALHO. MAS SINCERO.


Ou serve como amostra de que realmente fui um ingênuo... com sonhos irrealizáveis, vivendo agarrado nessas ilusões, e com muita vontade de um dia chegar a ser amado.









De repente, num repente
a faísca rompeu o lusco-fusco
que outrora ofuscava meu olhar

irrompendo a penumbra sombria
surgiu teu rosto ebúrneo, anjo coberto de luz


Mãos trêmulas, hesitações, estações, excitações
tudo respirando o mesmo ar rarefeito
tudo, dentro, não sei como, do meu peito



Foi ali, no meio do caos urbano, metropolitano
com seus vermes, seus germes, suas gentes
todas gritando com suas falas
como fazendo uma canção trágica
te anunciando


Sinto você logo
logo colocando suas mãos em meu corpo gélido
Estremeço, enlouqueço
esqueço nome, sobrenome
endereço


suas mãos tão brancas, que me ferem os olhos
acostumados ao trivial
suas mãos esplendidas, macias,
suas falas, suspiros, sorrisos cheios de malícia
seus olhos sacis me espiando


Meu sexo impaciente pulsando
Te implorando
Te desejando
Tua voz penetrando profunda em mim, me entorpecendo, me estonteando, me embriagando

Embriagado eu, diante de ti, tua presença paternal, fraternal, filial
Temo não resistir
Temo te tocar
Temo te olhar
temo meu temor

Tua barba roçando feroz meu rosto
tua pele macia deslizando pelo meu corpo paralizado extasiado



fecho meus olhos e vejo você
a palidez do teu corpo
o sangue pulsante de tuas veias


você talvez não saiba, mas eu sei bem

você é um anjo

que ousei tocar

com minhas mãos pecadoras


um anjo que me envolveu

com suas asas

muito brancas

muito vivas



quis morrer em meio às asas , os braços do anjo com olhos de saci,


Distante das misérias humanas, mundanas, minhas misérias...


um anjo


com olhos


de saci.

Eutanásia

um quarto


uma noite


Entro


e

peço


uma chave,

um número qualquer


Quero


tão-somente


um lugar pra morrer.

Veranico de Maio











Bastou


aparecer um tímido sol



para que



bocas de bermudas


engolissem


pernas de garotos


desnudas .

Quadros sem moldura

inadequados para o sociedade?



inadequados para a saciedade.

Liberdade

a beleza

da fumaça

do teu cigarro

te coroando e corroendo


me mostraram


que beleza é mesmo assim


carregada

dissoluta no ar

arbitráriamente livre


ainda que presa
presa ao olhar

constitucional

o direito
de não fazer nada
direito
e
ainda
assim
ter
m u i t o
a ser


feito.

(con)tradição

o que queremos, às vezes, é sermos contrariados.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Memórias de um Michê – Faces Brasílicas






Apesar de contarem histórias completamente distintas, tratando cada uma de um tema específico, Dias Gomes e Nelson Rodrigues lançam mão, em O Pagador de Promessas e Os Sete Gatinhos respectivamente, de uma espécie não rara –e longe de correr o risco de extinção em solo brasileiro: o malandro carismático que seduz tanto mulheres de papel (e as de carne e osso), quanto o público leitor em geral.



Além de serem elementos constitutivos (e por que não dizer caracterizadores) da realidade brasileira, Bibelot e Bonitão , de certa forma, desempenham, nos dramas, a função de sintetizar e simbolizar a discrepância entre a casca e o cerne: entre aparência e realidade; já que tanto um quanto o outro possuem uma aparência impecável –são atraentes e vestem-se sempre com muito alinhamento, usam ternos bem cortados e engomados – o que se contrasta e contrapõe à essência desses personagens: completamente poluídas e destituídas de valores e de uma consistência moral.

Desse modo, ambos são emblema perfeito para os dramaturgos discutirem uma sociedade revestida por uma fina película de hipocrisia- prestes a ser rompida- que encapsula podridões morais, atitudes e comportamentos inconfessáveis. Com precisão cirúrgica, os autores , munidos pelo bisturi da escrita, rompem com a camada epidérmica que esconde e reveste o funcionamento real do organismo-sociedade, composto de engodos e nutrido de hipocrisia.

No filme dirigido por Anselmo Duarte, esse caráter simbólico do cafetão Bonitão fica bastante evidente: ele representa uma sociedade corrompida e esvaziada eticamente em seus diversos níveis. É ele quem primeiro engana Zé do Burro, aproveitando-se da sua boa fé e ingenuidade, quando oferece um quarto de hotel para que a esposa do agricultor passe uma noite mais confortável. Zé, que até então vivia pacatamente no interior, seguro nesse universo de origem (habitado por seus semelhantes), nem desconfia das reais intenções do cafetão e termina por convencer a esposa a aceitar a oferta do estranho. Essa cena é importante para o desenrolar do drama, pois demonstra a ignorância do pobre pagador de promessas diante de um mundo novo, desconhecido, estranho, da cidade grande. Ignorância essa que permitirá que outros personagens tirem proveito da situação, como é o caso do jornalista encarnado por Othon Bastos, que distorce toda a história de para torná-la mais atraente ao público. Há, aqui, uma clara crítica aos meios de comunicação que, muitas vezes, movidos por uma fome mercadológica (ou interesses escusos) recriam realidades, vendendo-as como verdades. Dias Gomes também critica a Igreja, assim como as relações promíscuas desta com a política.

Se em O Pagador de Promessas, Zé do Burro é o único que mantém uma conduta de comportamento coerente com seus valores e princípios (o que culmina no seu trágico final), em Os Sete Gatinhos , ironicamente, o único personagem autêntico –que não usa disfarces, apresentando-se explicitamente como possuidor de um caráter falhado, sem nenhum pudor disso, é Bibelot ; visto que todos os outros personagens escondem algum segredo: não são realemente – ou exatamente –o que aparentam ser. Exemplos dessa hipocrisia generalizada vão desde Dona Aracy – que secretamente escrevia obscenidades nas paredes do banheiro –, passando por Seu Saul –que escondia o ferimento de guerra, impedimento para o exercício de sua sexualidade –, chegando até Seu Noronha –que cafetinava as próprias filhas “por baixo dos panos”.

Esse autêntico cafajeste ocupa um papel importante na história, pois, ao desonrar e engravidar Silene (e, por conseqüência romper violentamente com o “projeto moralizante” de toda a família do Seu Noronha) , promove o desmantelamento da aparente “tranqüilidade” familiar, posto que, é a partir da descoberta de que Silene não era tão angelical como todos pensavam que se inicia o ciclo de descobrimento dos segredos das personagens. O choque entre aparência e realidade.

domingo, 4 de maio de 2008

Quebramos os dois - Toranja



Era eu a convencer-te que gostas de mim

E tu a convenceres-te que não é bem assim...

Era eu a mostrar-te o meu lado mais puro

E tu a argumentares os teus inevitáveis





Eras tu a dançares em pleno dia

E eu encostado como quem não vê

Eras tu a falar para esconder a saudade

E eu a esconder-me do que não se dizia





Afinal quebramos os dois...




Desviando os olhos por sentir a verdade

Juravas a certeza da mentira

Mas sem queimar demais

Sem querer extinguir o que já se sabia




Eu fugia do toque como do cheiro

Por saber que era o fim da roupa vestida

Que inventara no meio do escuro onde estava

Por ver o desespero na cor que trazias...







Afinal quebramos os dois...




Eras eu a despir-te do era pequeno

E tu a puxares-me para um lado mais perto

Onde se contam historias que nos atam

Ao silêncio dos lábios que nos mata...!







Eras tu a ficar por não saberes partir...

E eu a rezar para que desaparecesses...

Era eu a rezar para que ficasses...

E tu a ficares enquanto saías

...Não nos tocamos enquanto saías

Não nos tocamos enquanto saímos

Não nos tocamos e vamos fugindo

Porque quebramos como crianças



Afinal quebramos os dois...



...É quase pecado o que se deixa...

...Quase pecado o que se ignora...

Terra Estrangeira ( dir. Walter Salles)


Terra Estrangeira Diretor: Walter Salles
(Terra Estrangeira) - 1995






O lugar ideal para perder alguém ou para perder-se de si próprio.
















Alex (Fernanda Torres) e o Miguel (Alexandre Borges) estão no alto de um prédio olhando Lisboa:




Alex : Eu gosto dessa cidade essa hora...cidade branca...bonito né? Só que, às vezes, me dá um medo.


Miguel: Medo? Medo de quê?



Alex: Medo de você dançar e eu ficar aqui sozinha num lugar que eu nem escolhi pra viver.



Alex: Você não está entendo, não depende do lugar. Quanto mais o tempo passa, mais eu me sinto estrangeira. Cada vez mais eu tenho consciência do meu sotaque. De que a minha voz é uma ofensa para o ouvido deles. Não sei não,acho que eu tô ficando velha.


Miguel: Você está ficando é doida, Alex. Você só tem 28 anos.



Alex: 28...30,40,50,60...tá passando tão depressa. Depois eu morro de medo de ficar velha aqui fora. Mas daí quando eu penso em voltar para o Brasil, me dá um frio na espinha...









http://www.youtube.com/watch?v=g1rofNG5ix8




Volúpia ( Florbela Espanca)

No divino impudor da mocidade,
Nesse êxtase pagão que vence a sorte,
Num frémito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido à morte!


A sombra entre a mentira e a verdade…
A núvem que arrastou o vento norte…
- Meu corpo! Trago nele um vinho forte:
Meus beijos de volúpia e de maldade!


Trago dálias vermelhas no regaço…
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!


E do meu corpo os leves arabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças…

ORTOGRÁFICA

Você não é uma exceção. É um excessão.

sábado, 3 de maio de 2008

Non Je Ne Regrette Rien






Non, Rien De Rien, Non, Je Ne Regrette Rien

Ni Le Bien Qu`on M`a Fait, Ni Le Mal

Tout Ca M`est Bien Egal

Non, Rien De Rien, Non, Je Ne Regrette Rien

C`est Paye, Balaye, Oublie, Je Me Fous Du Passe

Avec Mes Souvenirs J`ai Allume Le Feu

Mes Shagrins, Mes Plaisirs,

Je N`ai Plus Besoin D`eux

Balaye Les Amours Avec Leurs Tremolos

Balaye Pour Toujours

Je Reparas A Zero

Non, Rien De Rien, Non, Je Ne Regrette Rien

Ni Le Bien Qu`on M`a Fait, Ni Le Mal

Tout Ca M`est Bien Egal

Non, Rien De Rien, Non, Je Ne Regrette Rien

Car Ma Vie, Car Me Joies

Aujourd`hui Ca Commence Avec Toi Non Je Ne Regrette Rien


tradução






Não! Nada de nada...Não!

Eu não lamento nada...

Nem o bem que me fizeram

Nem o mal - isso tudo me é igual!

Não, nada de nada... Não!


Eu não lamento nada...

Está pago, varrido, esquecido
Não me importa o passado!



Com minhas lembranças

Acendi o fogo
Minhas mágoas, meus prazeres

Não preciso mais deles!

Varridos os amores
E todos os seus "tremolos"

Varridos para sempre

Recomeço do zero.

Não! Nada de nada... Não!

Não lamento nada...!

Nem o bem que me fizeram

Nem o mal, isso tudo me é bem igual!

Não! Nada de nada... Não!

Não lamento nada... Pois, minha vida
pois, minhas alegrias
Hoje, começam com você!

Até o dia em que a tua vida ocupa a tela do cinema










CÃO SEM DONO

(baseado no livro de Galera , Até o dia em que o cão morreu).

um filme de Beto Brant e Renato Ciasca

.

.

.


Eu insistia, vamos ver esse, se não for esse não quero ver nenhum. E tu nem sabia o porquê de tanto fervor. Só depois que revelei, mas já podia cometer essa indiscrição : ambos fomos fisgados por esse cão sem dono que corria na tela e era tanto a gente... nós também sem donos, meio sem propósitos, querendo prolongar uma adolescência tardia... querendo nos desatar dos nossos compromissos -e - obrigações tão ordináriamente enjoativas, querendo tão-somente conseguir de um modo evasivo uma utópica felicidade trepitante e transpirante... e o filme ali, me retratando : meu lado meio vagabundo/ meus anseios e minha falta de direção... pragmatismo, pragmatismo -a palavra instituida pelo capitalismo... Que nada, dane-se a grana, o futuro, tudo, quero é o presente de presente - integro, integrado.





[- O senhor já amou?

- A gente sabe das coisas, filho.]



Tantos diálogos que pareciam soltos da corrente da minha casa, tão íntimos, lembra?


E parece que finalmente chego a conclusões inconclusas, com uma certeza- pasmem- não há mesmo glória alguma em chutar cachorros mortos. [Eu- morto- tanto -chutado]


Eu falo pra mim :

-Tu precisa arrumar um emprego, precisa te tornar só mais um. Vestir roupas decentes, abandonar selvagerias estudantis. A idade adulta das responsabilidades, das debilidades.
Eu respondo:
- Eu sempre disse que preferia ser verde, porque amarelo é perto-do-podre.

E a tréplica :
- Eu não quero essa piada.




- Ainda não entendo muito bem Marcela. Não gostei da forma como ela agiu . Ainda que estivesse doente, teve uma atitude arrogante. Ele queria ficar ao lado dela... Só isso...






DEZ DE JULHO (2006)


[ a voz de um fígado]




------------ Não foi sempre esse deboche e eu não fui sempre tão sério, mas eu estava sério porque não estava mentindo, porque eu ardia e mergulhava naquilo que eu estava sentindo e que a muito custo- SIM, É PRECISO QUE EU REVELE – me custava muito poder me entregar, assim, INTEIRO, com portas e janelas escancaradas, mostrar o eu escondido ou aquela parte que existe na gente sem raciocício, sentindo sem pontuação- ilógica e desordenada- que não tem começo muito menos fim... sombra e balburdio... e eu mostrei a você tudo isso... que nem a mim mesmo eu tinha coragem suficiente para. Que me encabulava tanto,eu tenho tanta vergonha de ser como eu sou. E eu fui mais do que eu costumeiramente sou, porque desmascarado, e isso me custou muito esforço...

Não te culpo por nada, não se culpe também... devagarzinho vai subindo um sono sonso e vou pensando que o que quero muito é me enrolar neste cobertor-que-me-esquenta-e-protege, e fechar meus olhos de “retinas fatigadas” (como aqueles que viram pedras no meio do caminho e nunca se esquecerão deste acontecimento) e dormir a tarde inteira, o resto da vida toda, ou me acordar e sentir que ainda tenho alguma certeza... que eu sei de alguma coisa qualquer que me é vaga- e que essa certeza me faça sentir vivo, pulsando, respirando sem esse aperto que vai sufocando aqui na garganta, no peito...


Olho pra essa gente toda, esse amontoado de seres que formam esse aglomerado que convencionalmente chamam humanidade e sinto ânsia de vômito ( seria só pela ressaca ? ) e quero num desespero que me golpeia os pulmões cotidianamente me distinguir deles todos, ser uma outra coisa que não humano. Porque eles me dão asco, medo, pena...e eles são um conjunto de ratos sujos, perversos e burros . Não sabem de sua condição de rato, não sabem que são só matéria apodrecendo a olhos vistos, que estão acabando, acabando, acabados.



Paro de escrever por um tempo.
Lembro da maldição da bruxa.A cidade madrugando e ela toda de preto, à beira do Guaíba, os cabelos soltos, remexidos pelo vento, dançando e apontando pra mim - para nós - e gritando : “EU TE AMALDIÇOO” e eu continuando a olhar pra ela e pensando “ por quê?” [...]


Eu teria decido até lá e quebrado todos os ossos daquela desgraçada. Arrancado os dentes, perfurado os olhos. Mas eu estava tão contente, eu estava ainda tão feliz... Você não percebe esta felicidade em mim? Como? É, eu sei, eu disse a você que você não percebe quase nada... ou percebe as coisas de uma maneira equivocada. Eu pude perceber isso quando você me conheceu e disse “ Como um guri tão bonito pode ser tão triste?” E eu fiquei quieto, não te corrigi o engodo, pois precisava ouvir alguém dizer que me achava bonito, mesmo que eu não acreditasse nisso, por me olhar todos os dias - bem de perto - no espelho.



E em cada passo que dávamos no asfalto poluído e quanto mais a tempestade nos alcançava –as tempestades surgem depois do calor escaldante- e nos perdíamos e não chegávamos a um lugar seguro, começava a me dar um aperto e um medo –no osso do peito- porque de repente eu pensei que nós nunca ,nunca, nunca mesmo conseguiríamos chegar onde pretendíamos. E veio um arrependimento, porque eu pensei nas noites em que eu ficava em casa, seguro, trancado no meu quarto, sem querer falar com ninguém. E comecei a rir muito, porque, subitamente dei-me conta de que estava exatamente onde queria estar (como a frase de Brilho Eterno de uma mente sem Lembranças). E que eu estava feliz. Muito feliz. Era eu mesmo outra vez, depois de tantos simulacros, respirando molhado, tomado de frio, todo sujo, todo vivo. Eu estava SENDO.

"Um pouco de luz demasiada, um pouco de energia excessiva (aqui na terra) e uma pessoa se torna desajustada à sociedade humana. A recompensa do visionário é o hospício ou a cruz. Um mundo cinzento, neutro, é nosso habitat natural, pelo visto. Tem sido assim até agora. Mas este mundo, esta condição de coisas está passando. Goste-se ou não, com óculos de proteção e anteolhos, ou sem eles, estamos de pé no pórtico de um novo mundo. Seremos forçados a compreender e aceitar -porque os grandes luminares que afastamos de nosso convívio nos convulsionaram a visão. Seremos testemunhas de esplendores e horrores, alternada e simultaneamente. Veremos com mil olhos, a exemplo do deus Indra. As estrelas se movem acima de nós, inclusive as mais remotas."


[ Plexus, A crucificação encarnada. Henry Miller]



“Sim,disse ela. Este mundo não passava de uma piada após outra: se alguém escrevesse um livro sobre a sua vida, ninguém jamais acreditaria” (Nabokov, Vladimir. Lolita)



São Leopoldo, 11 de julho de 2007.



Mariano,







Escrevo esta carta-em-movimento. Estou no trem, mas me sinto paralisado. Estancado. Um recorte retangular de sol me aquece, de leve. Lembro de outro sol; esse mais vivo, quase ofuscante que rebrilhava em outro vagão, em outro tempo... lembro que escrevi- ou pensei- que os olhos humanos não são feitos para tanta luz... ninguém suporta tanta luz. Era outro trem, outra estação: dois de novembro. E, agora, enfrento o inverno de frio mais dilacerante de toda a minha vida. O vento vai com volúpia me arrastando, gelando meus ossos, músculos e alma. Ainda estou distante do fim da linha, contudo, temo que certas viagens, estão encerradas para mim...

Não vou me preocupar com nada ao escrever esta carta. A preocupação estética-artística é falsete e eu quero essa carta com poros abertos, com olheiras negras, sem maquiagem ou pudor... Isso parece simples? Não é. Não acredito que existam coisas simples, o que existe é uma visão simplificada e redutora das coisas. E, escrever com verdade –não se deixar levar pelo fluxo sonoro das palavras ou usar aquelas que imprecisamente contam o que se quer dizer- é muito difícil. Exige muita humildade- quem sabe até humilhação. Mas o que seria pra mim, meu amigo, mais uma humilhação? Logo eu , que experimentei as mais amargas e ardentes humilhações que alguém pode pretender provar? ( E, não pense que faço ficção, bem gostaria de te contar uma mentira bonita, pra te fazer sorrir).

Quero te contar que hoje novamente não fui desprezado pelo desespero. Sim, ele me ama, amante eterno que vem – todos os dias- me ver, me possuir, me cravar dentes duros no peito.

Tudo o que eu esperava da vida descumpriu-se prontamente e com pressa. Desconstrui todos os sentimentos e encardi meus cinco sentidos de cem mil formas.Já não sei definir o que sinto com os habituais nomes... é tudo tão confuso, mesclado, híbrido, quebrável, movediço... Amodeio tudo que tive e não detive. O indelével tão transitório, escapável. (Mas, recorrendo a um lugar-comum-terrívelmente insubstituível, sempre achei deprimente aquelas borboletas fixadas mortas em moldura de vidro). Os verbos da minha vida foram todos vis, intransitivos, incompletos.

Acho que estou doente, e isso que move esse texto.Não. Não vou morrer, mas apodrecer vivo como vaso-ruim-que-não-quebra-fácil-mas-racha... é dessas rachaduras duras que eu quero te falar... é por elas que entra esse vento ( tão frio, tão forte)... Você sabe que uma árvore nunca morre do mesmo modo como morre um ser humano... assim, instantaneamente... Não, uma árvore, por mais lacerada que esteja, seca aos poucos, lentamente... nós , humanos, passamos por elas e as imaginamos vivas.... e elas lá agonizantes, mas de fuste ereto. Podres e de pé.Com uma vida virtual. Eu ia dizer que me sinto como uma dessas árvores: pura metáfora canastrona. Sou a própria árvore de casca sã e de cerne, seivas –bruta e elaborada – putrefatos.





Espero que tenha encontrado em São Paulo um ponto alto pros teus sonhos, um corpo aberto pros teus sorrisos, e estímulos para tuas fotografias.

Bilhetinho Azul (Cazuza)



Hoje eu acordei com sono e sem vontade de acordar


o meu amor foi embora e só deixou pra mim


um bilhetinho todo azul com seus garranchos


Que dizia assim "Chuchu vou me mandar!


"é eu vou pra Bahia (pra bahia) talvez volte qualquer dia


o certo é que eu tô vivendo eu tô tentando Uuu!!!

Nosso amor, foi um engano



Hoje eu acordei com sono e sem vontade de acordar
como pode alguém ser tão demente, porra louca

inconsequente e ainda amar,
ver o amor como um abraço curto pra não sufocar



ver o amor como um abraço curto pra não sufocar




quinta-feira, 1 de maio de 2008

embanado e banal

Rasguei roteiros inteiros.
Das páginas mutiladas, múltiplas palavras (destroçadas abruptamente de significado)
gritavam marginal e virginalmente bagunças/ corrompidas, misturadas...

eram elas o reflexo da minha alma. Chafurdada em lama de incompreensão, ignorância, incongruência.

Ri. E meu riso foi o reverso perverso do que senti.

insolúvel-incabidamente cômico

Não vou mumificar momentos

quero-os vivos

mesmo que prestes a morrer
mesmo que não prestem pra viver


Não quero troféus
ou medalhas
prefiro teus pés
tuas migalhas.

junho de 2007

" Não sou um homem moderno, nem também um antiquado. Estava fora do tempo e me arrastava em direção à morte, que desejava. Nada tinha contra o sentimentalismo, estava alegre e agradecido de sentir ainda em meu coração algo assim como alguns sentimentos".

Hermam Hesse, O Lobo da Estepe.


Todos os dias aprendo a esperar. É meu dever e minha punição... Certas esperas são tenebrosas.. te guiam ao nada, condutoras do vácuo... Não recuo nem nas mais árduas esperas. Fico até o fim. Enfim, quando ele chega já nem sei o que se fez de mim... O que me tomou, o que me tomaram...

Até as festas acabam desabando. E, se alguém olhar bem - quase ninguém olha -, em meio às paredes derruídas, sempre há uma criança de olhos sanguíneos que chora, chora calada num canto, agarrada ao ar que lhe confere uma capa de in-vi-si-bi-li-da-de.

O fim dá medo e entretanto é imprescindível para começos. Porque estou vivo agora, sem luz de razão aqui-acordado enquanto a tranquilidade abraça "os justos". Porque esta ironia na minha voz que de vez canta por mim ?

Saudade de Verdade

Para Kalil
Achei que o que você aparentemente era
Era apenas uma máscara
afivelada com afinco
ajustada a tua cara
O que eu estava fazendo
era a construção de uma outra máscara-VIRTUAL-
um EU-TEU desconhecido de todos
só decifrado por mim
só frequentado por mim
O que fiz
foi arremedar
sonhos e anseios meus
e criar fictícias faces tuas
te desconheço
me desconheces
todas as pessoas
em todos os tempos
de vários modos
(con)julgam
desconhecer.
( fevereiro de 2007.)
{parece condenação perpétua}


Nunca deixarei de ser

aquele muleque desajeitado

ajeitando-se

com faíscas de fantasias

um jeito

de fugir de si mesmo

(des)cobrindo os mistérios do mundo.