segunda-feira, 28 de abril de 2008

cenográfica

a tela de cinema petrifica projeções

é soco, beijo, som


tudo arrumando-se em admirável obra


atrás das paredes

bifes fartos de realidade perecível

têm mais suco de sangue

apetecem cenas provisórias

e não são cenários.
Números numerosos metrificam passantes/ tudo transformou-se em medidas- provisórias ou imprevistas? É permantente a objetivação dos seres anônimos -números-e-senhas... que dão acesso a quê? a qual?

as senhas dos sonhos... Ah, essas ELES conhecem NÃO.

segmento radioativo

sinto- me
pisando em placas apocalípticas
a vida nos é prensada
amassada por obrigações vis
o volátil nos é condenado pelos cronometros
quilômetros imaginários nos afastam de reminiscências impuras
a imundície urbana coroa sonhos solitários
operários e óperas gesticuladas
feras e gozos emancipados
adolescentes se masturbam perturbados
a velha ordem média medeia jornais ocos
soldam-se os rios, firmam-se rimas
rinhas, rinhas, rinhas - mesquinhas
te amo e não posso
POÇO.
Negro.asfalto.falsificado
vazo.vezes.virtudes.fabricadas
intrincados.enigmas.calejados



passos nobres levando-me ao cume

microscópicos organismos animais giram apressados

comprimidos

oprimidos

e eu lá do trigésimo

berrando baixo

voz-foz que só eu ouço :

- eu sei voar

- eu sei voar

-eu sei voar




e os invertebrados me respondem

- sabe é te esborrachar.

sobre felinos amáveis

Língua de gato é mesmo áspera/ fidelidade é virtude de cão.

polaróides paranóicas industriais

bucetas escancaradas estampadas em cartazes sagazes

sorrisos construídos por ruídos ruins embalados em videoteipeis
vendem o sexo
comercializam a felicidade
artificializam a ausente adiposidade
propagandeada
(cer)veja
engasgando estrias
RIAS,
a ordem é.
(ridícula)

piegas clicherizado

tive o coração assaltado de sintéticas fugas, rugas oriundas de temporárias fodas, rusgas de fulgurantes fugazes instantes. Antes. E agora? Devora o frio. - Eu que andei pelas ruas alagadas, a chuva corroendo os olhos dos boeiros - bastante vivos, ainda pólvoras, incharcados dos lixos... te lichas? as lágrimas de chuva me laceram- li num livro que pelo menos na chuva não nos notam as lágrimas... eles me enxergam abrigados; obrigado , obrigado, pela falta de proteção : por essa chuva que é danação, que gela a medula, que desregula ... sou um personagem de um folhetim ruim à margem manchada de basta e bosta... não me ofendam com seus piedosos conselhos, com suas complacências científicas- centenárias... Safo, sim, Safo, cante por mim "quero verdadeiramente a morte porque ela me deixou" reticências retificam ausências, presentificam o que se perdeu ou vai se desmanchando... os fios grossos dos meus cabelos vão molhados, intensamente grudados na cabeça, esfria mais... ainda mais... persigo-me lembrando que não sou de borracha, nem sintético, sou torcido, vencido-vencendo... nem essa chuva vai apagar o que vou sendo aqui dentro, nem você, chuva bendita, que lava larvas... os idiotas sorriem largo... os dentes que faltam, sobram... e eu suspiro, respirando vento ventando... não prossiga a leitura... fim.

sexta-feira, 25 de abril de 2008



tudo o que
existe
produz sombras
quando posto
em face
a fachos
de
luz.

Desexistir - Frederico Barbosa

quando eu desisti
de me matar
já era tarde.

desexistir
já era um hábito.
já disparara
a auto-bala:cobra cega se comendo
como quem cava
a própria vala.

já me queimara.

pontes, estradas,
memórias, cartas,
toda saída dinamitada.


quando eu desisti
não tinha volta.

passara do ponto,
já não era mais
a hora exata.

[ do livro : Contracorrente, 2000]

Young Folks - Peter Bjorn and John


If I told you things

I did before

Told you how
I used to be

Would you go along with someone like me
If you knew my story word for word

Had all of my history
Would you go along with someone like me


I did before and had my share

It didn't lead nowhere
I would go along with someone like you
It doesn't matter what you did
Who you were hanging with
We could stick around and see this night through
And we don't care about the young folks

Talkin' 'bout the young style
And we don't care about the old folks

Talkin' 'bout the old style too

And we don't care about their own faults
Talkin' 'bout our own style
All we care 'bout is talking
Talking only me and you
Usually when things has gone this far

People tend to disappear

No one will surprise me unless you do

I can tell there's something goin' on

Hours seems to disappear

Everyone is leaving

I'm still with you

It doesn't matter what we do

Where we are going too

We can stick around and see this night through

And we don't care about the young folks

Talkin' 'bout the young style And we don't care about the old folks

Talkin' 'bout the old style too
And we don't care about their own faults
Talkin' 'bout our own style
All we care 'bout is talking
Talking only me and you

And we don't care about the young folks
Talkin' 'bout the young style
And we don't care about the old folks
Talkin' 'bout the old style too
And we don't care about their own faults
Talkin' 'bout our own style
All we care 'bout is talking



Talking only me and you
Talking only me and you
Talking only me and you
Talking only me and you

simples

ainda por vezes desperto do meio da noite / e naquele escuro todo, não sei direito quem sou/ um pouco sonâmbulo perambulando em espaços opacos...

sede, há sede e saudade... neurastênico e inerte fico...

sem raciocínios, apenas vertendo vertiginoso...

dura segundos gordos, grandes

depois volto a mim,

e lembro.

Charlies, não sou lírico aqui

olha pra dentro de mim,

quero que tu vejas isso

só a ti, ouso mostrar,




(audaciosa falácia tentar,

guri solar que adentra sombras densas)







isso:


têm resplandecências, transparências,

há também respirações asfixiadas,

convulsões provocadas,

suicídios inacabados,




paixão doente expandindo-se



afagos magos- magros

mágoas de mãos dadas com sarcasmos

as ironias irônicas disfarçando tudo ... t u d o

intubações, entonações, artificialismos,


os inominados se contaminando pelo léxico impositivo, fascista



- por baixo da pele, os ossos

brancos, tão brancos ossos
rijos, impermeáveis

quebram também, bata com força pra ver


quem me roubou o copo? ou seria correto perguntar: quem roubou meu corpo?


um estranho habita o meu corpo.





queria ao menos poder me ver, antes de mostrar a ti, compreende? A quem mais eu dei tanto? A ti, porque só a ti revelei o recôndito meu, difuso, embaralhado, embrulhado.







como posso saber quem eu sou, se ainda estou sendo? se ainda não fui?


- corto esta carta com um sorriso aberto. parto.





Todo nascimento se faz com dor, pra que tanta anestesia? Não preferimos a estética?





eu disse:




Quero que doa, sim; pra parar de doer isso de-dentro, de sempre.



E entretanto, estou quase tranquilo.

[mas essa brevidade se racha, por que pressinto que não serei entendido plenamente- babel descabelada essa- queria ao menos ser mais simples... comunicar melhor meus compartimentos, há diversão e subversão nisso tudo também, não sou tão folhetinescamente dramático... além da minha caricatura é que existo... por detrás dela é que estou. vou sendo. há tanta verdade nos meus sentimentos contraditórios, contrastantes. Trastes. Transito em transe]


Fico as vezes com uma expressão absorta, me solto do mundo... Disseram-me uma vez:


- Tu é estranho, não sei se é ingênuo ou só quieto mesmo.


É que eu estava sentindo, sabe? Só sentindo. Sentindo só. Os sentidos bem abertos, bem amplos, receptivos. Estava sendo sincero, me desfazendo de frases de outros, de citações, dessas evasões ... fico parecendo meio louco, quando fico assim, talvez seja mesmo... como a minha bisavó louca, abandonada em um hospício ... que solidão ela deve ter sentido,não? Com um pedaço de pau, ela batia nos filhos... teve tantos... os últimos, gêmeos, nasceram mortos- ou morreram depois, não lembro... e ela não suportou... seria semelhante a mim, ela? grave nos sentimentos, nas sensações? (uma bisavó poéticamente doida, um orgulho que tenho)



-Devo te temer? olha a tua pergunta. É descabida!
Não, não deve. De coração, de rim, de cérebro, repito.


Estralhaçaria meu rosto em várias fatias e jogaria os bifes aos cães antes disso. Aos cães sarnentos que tanto eu amo.Ou temo.



- Não, mesmo os cães ferozes não me dão mais medo.


Aquele barco tremendo sob os volumes volúveis da água... não, advertem vozes bondosas, plenas de amor por mim, não ... está rachado! e eu ouço, mas quero estar lá
- estourar lá-; mesmo que depois o sal me afogue... um segundo lá e me bastaria - toda a minha existência justificada...

Corro pegar uma maçã.. Minha mãe diz:

- Meu filho, de pés descalços... está tudo tão sujo!

Sim, mãezinha, está tudo podre de sujo, eu sei. Mas é assim mesmo, não é? Desde o sempre. Agüente isso, mãe, andamos todos cheios de merda no bucho. Ainda tentas, inocente, mãe, a perfeição, mas não há; é ilusão... ando sim sem proteções, sou desses que se sujam às vezes. Bebo verdades, atrofio-me via mentiras. E a vida me aparece bem bruta, sanguinolenta.

Vermelho-sangue. Quero isso, ainda que seja eu calmo. Lembro agora dela falando “não me beije tão forte, meus lábios vão verter sangue desse jeito” ... o que me excitava mais ainda, bem mais...

vomitarei eternamente

então só meu vômito é verdadeiro?


a verdade

sempre vem assim

meio poluída,

meio doida,





grãos de branco arroz envolto de sucos gástricos ...


só há pureza nas dissimulações - duro paradoxo.

submerso

choro lágrimas tão cálidas quanto a porra que escorre do meu pau.
(caladas ?)

ficção não-científica

meus
olhos
são
poças
sujas
limos, lamas
livres
lavrados
de
lembranças
que não tem fim



- Estavam tão claros enquanto você chorava


...quase transparentes - penso eu.



chorar na frente de estranhos; horas vazias percorridas de desespero, desencanto; provações. Ainda tenta martírios- inconscientemente- disseram tantas vezes que era na dor que se encontrava... naquele zonzo movimento doloroso, ruindo, rugindo...



- Como é mesmo teu nome?

- Qualquer um, escolha um de tua preferência. Prefere qual ?




o soluço em gotas desesperadas;
embriagas-te seu piegas de merda... até que você resolva enxergar... não mais gritar, resolução irrevogável de a partir de agora para todo o adiante.



Ainda tenta, ridiculamente formular-forjar certezas ...




o mundo fora dos eixos debatendo-se : debatido.


Não, no meu universo não há podas... no seu sim, no meu não. Só entra aqui os poucos a quem eu dou as chaves (e parece arogante isso, mas é senso de preservação) . Senso de perversão.



etílicas verdades ... vermes (an) alfabetizados te fascinam... freguesia fácil, não é ?




e eu sou verdadeiro ao me confessar fracassado...


incoeso, inconcluso... em vias de extinção de fato...




tocando em barulhos...
/faz parar isso, faz- peço e respeito o que vai pulsando irracional;


ilogicismos, cenas, [trans] configurações...

contos de

Não,






não faça isso,





não procure finais felizes,




isto é vida real.

feliz

os
gri - tos
tran - ca -dos
na
gar - gan - ta
em
si- lên-cio
suicida .

terça-feira, 15 de abril de 2008

existiria um Charlies se antes não houvesse uma Ariana?

sexta-feira, 4 de abril de 2008

ditos impopulares

deus dá angu de caroço a quem tem dentes estranhos.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Márcia Duarte

algumas pessoas mudam rotas rotas sem arrotos.

idílio ígneo

te
amo
com
a
mudez

sincera
indissimulável


do
meu
corpo .