domingo, 4 de maio de 2008

Volúpia ( Florbela Espanca)

No divino impudor da mocidade,
Nesse êxtase pagão que vence a sorte,
Num frémito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido à morte!


A sombra entre a mentira e a verdade…
A núvem que arrastou o vento norte…
- Meu corpo! Trago nele um vinho forte:
Meus beijos de volúpia e de maldade!


Trago dálias vermelhas no regaço…
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!


E do meu corpo os leves arabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças…

2 comentários:

Flávio Dantas disse...

vou por um link seu no meu blogggg

MARIA MERCEDES disse...

Não acredito em coincidências, mas é curioso, que o poema que serve de introdução ao livro que estou a preparar, com textos mais antigos da primeira fase do Excitações, é exactamente este, Volúpia, da Florbela Espanca.

beijinho e obrigado pela visita