(baseado no livro de Galera , Até o dia em que o cão morreu).
um filme de Beto Brant e Renato Ciasca
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Eu insistia, vamos ver esse, se não for esse não quero ver nenhum. E tu nem sabia o porquê de tanto fervor. Só depois que revelei, mas já podia cometer essa indiscrição : ambos fomos fisgados por esse cão sem dono que corria na tela e era tanto a gente... nós também sem donos, meio sem propósitos, querendo prolongar uma adolescência tardia... querendo nos desatar dos nossos compromissos -e - obrigações tão ordináriamente enjoativas, querendo tão-somente conseguir de um modo evasivo uma utópica felicidade trepitante e transpirante... e o filme ali, me retratando : meu lado meio vagabundo/ meus anseios e minha falta de direção... pragmatismo, pragmatismo -a palavra instituida pelo capitalismo... Que nada, dane-se a grana, o futuro, tudo, quero é o presente de presente - integro, integrado.
[- O senhor já amou?
- A gente sabe das coisas, filho.]
Tantos diálogos que pareciam soltos da corrente da minha casa, tão íntimos, lembra?
E parece que finalmente chego a conclusões inconclusas, com uma certeza- pasmem- não há mesmo glória alguma em chutar cachorros mortos. [Eu- morto- tanto -chutado]
Eu falo pra mim :
-Tu precisa arrumar um emprego, precisa te tornar só mais um. Vestir roupas decentes, abandonar selvagerias estudantis. A idade adulta das responsabilidades, das debilidades.
Eu respondo:
- Eu sempre disse que preferia ser verde, porque amarelo é perto-do-podre.
E a tréplica :
- Eu não quero essa piada.
- Ainda não entendo muito bem Marcela. Não gostei da forma como ela agiu . Ainda que estivesse doente, teve uma atitude arrogante. Ele queria ficar ao lado dela... Só isso...
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