terça-feira, 13 de maio de 2008

Anjo

- Cara, este escrito-escroto foi concebido há algum tempo, não sei precisar bem... Não gosto dele- é longo demais, excessivo no péssimo sentido do termo- , mas serve como chiste pelo uso abusivo de lugares-comuns. PEDANTE E FALHO. MAS SINCERO.


Ou serve como amostra de que realmente fui um ingênuo... com sonhos irrealizáveis, vivendo agarrado nessas ilusões, e com muita vontade de um dia chegar a ser amado.









De repente, num repente
a faísca rompeu o lusco-fusco
que outrora ofuscava meu olhar

irrompendo a penumbra sombria
surgiu teu rosto ebúrneo, anjo coberto de luz


Mãos trêmulas, hesitações, estações, excitações
tudo respirando o mesmo ar rarefeito
tudo, dentro, não sei como, do meu peito



Foi ali, no meio do caos urbano, metropolitano
com seus vermes, seus germes, suas gentes
todas gritando com suas falas
como fazendo uma canção trágica
te anunciando


Sinto você logo
logo colocando suas mãos em meu corpo gélido
Estremeço, enlouqueço
esqueço nome, sobrenome
endereço


suas mãos tão brancas, que me ferem os olhos
acostumados ao trivial
suas mãos esplendidas, macias,
suas falas, suspiros, sorrisos cheios de malícia
seus olhos sacis me espiando


Meu sexo impaciente pulsando
Te implorando
Te desejando
Tua voz penetrando profunda em mim, me entorpecendo, me estonteando, me embriagando

Embriagado eu, diante de ti, tua presença paternal, fraternal, filial
Temo não resistir
Temo te tocar
Temo te olhar
temo meu temor

Tua barba roçando feroz meu rosto
tua pele macia deslizando pelo meu corpo paralizado extasiado



fecho meus olhos e vejo você
a palidez do teu corpo
o sangue pulsante de tuas veias


você talvez não saiba, mas eu sei bem

você é um anjo

que ousei tocar

com minhas mãos pecadoras


um anjo que me envolveu

com suas asas

muito brancas

muito vivas



quis morrer em meio às asas , os braços do anjo com olhos de saci,


Distante das misérias humanas, mundanas, minhas misérias...


um anjo


com olhos


de saci.

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