[...] Preciso me desenferrujar. Estou por demais sujo com porcarias várias dos outros todos tão insistentes em me empurrar palavrórios e palavrões. Quero a minha porralouquice pura, puta, em estado de ebulição e com tesão. Mas não deixam. Cercam-me e sou tão claustrofóbico que tenho vontade de só rir. Só rir. Só rir. A minha risada atenua a minha prisão. Desnuda a minha alma. Acalma a minha sofreguidão. Guidão de bicicleta. Pernas metálicas onde roço as minhas. Moem o ar os círculos em sequência rotativa. O pedal dando voltas inteiras, lisas, macias. [...]
Percorrendo ruas broncas e imaginárias, passeio com a tua ossatura viva -partes físicas tuas que em mim restaram, como as fissuras irrecuperáveis abertas na polpa da minha boca (calada boca, alaga e aberta)- revestida por incessantes composições minhas ... te recheio e recrio com versos viciados e ilusões prontas...mas algo de ti quebrou, descongelou lados soturnos meus- internamente costurados e pretensamente consistentes contra intempéries bárbaras de têmperas toscas. [...]
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