quarta-feira, 12 de março de 2008

e enfim

"... E enfim, estavam (em vão) os dois... frente a frente...os olhares entrecruzados ...
... algemados um ao outro...

luminosos, surpresos, atônitos

Distantes de todo o resto que os cercava


, que era só o resto costumeiro,



barulhento,


poeirento,


vulgar,




sujo...

crianças correndo,
cães sarnentos
e abandonados,
e humanos (sempre eles)...



Havia tanto a ser dito...

mas

a voz estava presa por mil nós, que a impediam de sair...



o silêncio falava tanto,
o silêncio falava alto...
o silêncio era ensurdecedor...
um grito abafado,
velado de manto de sangue...

E eram os dois,
frente a frente,
e , entre eles,
muito chão,
muitas gentes,
muitas histórias...

E entre eles
o tempo, a solidão, o desespero...

e dentro deles

corações pulsando,
almas ardendo,
a saudade gemendo
(in)disfarçada...

e o silêncio,
o silêncio
permanente
latente
girando,
girando seco e pontiagudo,

criando feridas novas, que se assomavam às antigas,
até que..."

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