quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Hoje o dia amargurou
tive medo de perder as rédeas
não levantar da cadeira
não mexer
não olhar
e muito menos viver

(essa voz me diz sempre isso)

o fraco ponto diz
levante-se
e levantar tornou-se
..como levar o mundo
aos ombros

(essa voz fraca me diz sempre isso)


a beleza e a dor
fundem-se
em um só golpe
certeiro
torno me o vazio
que a dor às vezes
sugere existir, do nada.

(peso aos ombros, costas)

.hoje vi o solmas tive tanto frio
que o cansaço me tomava
chamando o sono da abstração.
outros planetas chamavam
distantes desse
..onde o pintor errava
e em preto e branco se tornavam
janelas vagas

(peso, expressão)

a estátua que via pela janela
espelhava a própria aparência
inerte de seu rosto

(expressão)


eu chamei a vida
perguntei por ela
e ele emudecia
voltando a golpear o quadro
me perguntei se ele realmente escutava
e o que ele realmente queria

(peso, pergunta)

indaguei o porquê da solidão?
Por que preto e branco?
por que a estátua tinha sua aparência?
por que não falava?
por que não chutava o balde?


(pergunta)

pois, não vê que tu me pertences?
e nessas janelas habitam teu coração.
cortado em fragmentos.
espalhados pelos cantos.
do olhar.


(alguém de fora o diz)




[Djalma Nobato]