quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Da Garganta


- Se sou feliz? Felicidade é coisa de gente burra. (Maysa)




então você se depara com o breu inelutável, imperturbável, imune ao riscar de fósforos, ao acender de cigarros.............................. e deseja: uma luz, um som, qualquer paralisia, estrondo, escândalo, espasmo;


antes que tudo se misture àquilo inominado, sem forma-e-sem fome.


Ah, mas eu supunha outra coisa. Pesa o peso. Os olhos ardem. Mas não há vazar de lágrimas. Choro calado. Não choro porque, para que, para quem... Eu me desvendo para mim, além, assim, aos poucos, parcamente. Mas pros outros sou vedado ou velado. E isto, que falo, é, paradoxalmente, incomunicável. E, no entanto, talvez, tão obviamente compreensível.


se houvesse o desnudamento da linguagem...


- Tomo toda a minha revolta. Porque ela. Ela. Ela não faz parte do aceitável. Não é de bom tom se expressar assim. Para a sala, ala nobre da casa, mantenha as gengivas expostas. Lágrimas, se irrefreáveis, só no quarto. Na linha de combate, sufoca-se o embate.


Se ao menos eu pudesse vomitar. Vomitar traumas, medos, mágoas, A angústia...



Se ao menos eu pudesse viver longe de mim.


Eu me deixaria em paz.


E a minha biografia não seria banida das casas-de -família. Meu amor não seria clandestino.



Sinto-me egoísta. Detestavelmente egoísta.


e é insuportável estar em mim.
- Sou um esqueleto desfacelado que se dói invisível.

Um comentário:

Guilherme Nervo disse...

Uau!

Me arrepiei com teus escritos.
E penso que todo o bom escritor/ator com um pouco de loucura na cabeça-coração também sinta vontade de se separar de si, por isso a profissão.

Beijo.